O cinema iraniano da década de 90 é tão festejado por dar continuidade à escola do neorrealismo italiano e conferir a ela o frescor de uma cultura tão rica como a deles.
Em Gosto de Cereja, o diretor Abbas Kiarostami segue à risca estes preceitos, só que com a intenção de subvertê-los e jogar terra no ventilador, trazendo à tona a discussão sobre os “perigos” da utilização dos chamados atores sociais em filmes de ficção, a não-utilização de trilha sonora, cenários reais e outros elementos em prol de atingir-se um tom documental, aproximando as ficções dos documentários.
Para tanto, a história escolhida foi a de um cidadão em busca de alguém para ajudá-lo a se suicidar. A intenção dele é de ser enterrado vivo e por isso existe a necessidade de se buscar ajuda. O problema é que o homem está em território muçulmano, ou seja, será difícil encontrar alguém disposto a fazer aquele “trabalho” quando entra em jogo as crenças religiosas de cada um.
A partir desta pequena premissa, desenvolve-se uma discussão detalhada sobre suicídio, morte, vida, religião e sobre o que pode ou não configurar-se como boas ações. Tudo isso sem precisar de artifícios que não sejam os diálogos e as ações registradas pela câmera.
A narrativa é crua, como a de um documentário. Em alguns momentos, as cenas são tão boas que é de se questionar se aqueles atores são profissionais muito bons ou se são atores sociais (pessoas comuns) que, por ter algum envolvimento com o tema, facilitaram o trabalho do diretor em arrancar deles emoções quase reais.
Quando tudo parecia se encaminhar para uma resolução, vêm os dois ou três últimos minutos e transformam aquilo que poderia ser apenas mais uma obra em um objeto de estudo inesgotável. Surgem imagens de câmeras caseiras antigas numa sequência metalinguística de fundir a cabeça do espectador.
É ali que Kiarostami arrebata o público e explicita a sua genialidade.
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Fonte da critica http://www.fredburlenocinema.com/2010/06/em-dvd-gosto-de-cereja-critica.html
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